domingo, 22 de agosto de 2010

Morrer é necessário

´Morremos milhares de vezes durante nossa vida. Morremos quando terminamos um namoro, ao perder alguém ou quando não conquistamos algo que desejávamos muito´. Se me lembro bem, foram essas as palavras do meu professor de História da Arte. Bem que se diga, uma das poucas coisas que se vale realmente estudar na graduação.
Mas em verdade, tememos tanto a morte que não nos damos conta que cada indíviduo, cada vida em si é uma sucessão contínua de mortes e renascimentos. Esse, felizmente, é o percurso natural que nos guia, pois, do contrário, na primeira porrada que a vida nos desse o chão seria eterno. Todavia, a estupidez humana caminha de mãos dadas com sua capacidade de regeneração e superação. Temos a infinita capacidade de cometer as maiores burrices no menor espaço de tempo possível, embora o relógio da esperança, da reconquista e de se colocar de pé com nobreza seja uma característica tão humana quanto amar.
As palavras do meu professor são verdadeiras. Ao perder alguém, ao falhar em algo muito importante, o tempo parece simplismente parar, a gravidade atuando com toda sua força sobre o corpo, pois ficar deitado ou cabisbaixo é um dos poucos movimentos possíveis, sem apetite, sede, vegetando e enfim  morte da alma.
Naquele mesmo milésimo seguinte ao sepultamento, o coração volta a pulsar, sente-se o sol, o apetite recuperado, os olhos iniciam novamente sua trajetória em busca do novo, do inesperado, de algo que nos surprendam e nos faça querer viver mais. Renascemos. Todavia, renascemos diferentes, fortalecidos, pois só a tristeza, a dor, o amargo da derrota  e da perda nos ensina. Corta mas cicatriza, nos fazendo olhar a nossa volta com mais sabedoria e, sobretudo, paciência. A jornada é assim, se cai e se levanta, se apanha mas se bate também. A felicidade só existe porque a tristeza existe, assim como o orgasmo e a dor, a Ponte Preta e o Guarani, a luz e a escuridão...o mundo é uma oposição constante e infinita. Buscamos a felicidade constante, ao extremo, sem limites, mas se isso fosse possível não haveria graça na vida, não aprenderíamos com os erros, não haveria a gana pelo desafio e superação. Em suma, a vida seria uma merda, como uma novela das 9 que você sabe como começa e termina. Que bom que não é assim.

terça-feira, 10 de agosto de 2010