quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Acaso

                     
                                                                            João Paulo Cavalcante

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Infeliz Natal!

Outro fim de ano se aconchega, o espírito de bondade se sente no ar, desejos mil se perdem pelo espaço. Aquelas famosas promessas de mudança, de novas atitudes, de um novo começo, de se largar tudo para se fazer o que se sonha, de aposentar velhos hábitos e velhas hipocresias, de se fazer realmente o que dá na telha e não o que o rebanho imita. Ilusões. O ser humano se esquece que somos todos fracos, inanimados, hipócritas, individualistas e, sobretudo, medrosos. Somos patéticos. Ignoramos nossas dificuldades, olhamos sempre para nossos próprios umbigos e cegamos diante das oportunidades que nos traz a real felicidade. Somos, ou melhor, estamos todos cegos. E em dezembro a escuridão ainda é mais forte. O mês da ilusão. O que deveriamos pensar, refletir, desejar, buscar, conquistar, agir, sonhar a cada dia do ano, a cada minuto de nossas pobres e curtas vidas, idealizamos realizar em poucos dias do ano. Imaginamos que ao colocar “pisca-piscas” em nossas janelas o mundo ficará mais bonito, correto e justo. Besteira! Estas luzes apenas encobrem nossas sombras desesperadas num planeta fútil e iluminam a mediocridade humana. Sorrisos e desejos de um feliz natal e um ótimo ano novo se multiplicam entre desconhecidos pelas ruas, o espírito natalino é fantástico, ele muda as pessoas, não é?! Engano. Nos outros onze meses do ano não somos capazes de oferecer um assento no ônibus a alguém que precise mais ou mesmo parar o carro para que o pedestre continue seu caminho ou pior, ignoramos o próximo, os nossos semelhantes, aqueles que amamos repetidamente todos os dias. Curioso, eu não sei o que acontece, mas por que Dezembro excita tanto a solidariedade e o espiríto de compaixão entres as pessoas? Acreditam elas que um brinquedo doado, uma cesta básica oferecida, uma esmola mais generosa, ao invés das moedas de dez centavos jogadas diariamente janelas a fora de seus automóveis 0 km realmente os fazem homens e mulheres melhores? Acreditam que estas atitudes isoladas mudam o mundo? Que seus surtos de generosidade pontuais fazem alguma diferença na vida daqueles coitados? Mentira! Estes ignoram o fato que bonecas de plástico não educam, que um punhado de macarrão apenas maqueia a fome e que, de forma alguma, criam pespectivas aos “fora do sistema”. Ser humano no dicionário deveria ser sinônimo de patético.

João Paulo Cavalcante