terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma venceu. Bom. Todavia, a democracia se faz, sobretudo, em nossas pequenas ações cotidianas. Isso sim é ótimo.

JP

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Por que eu voto na Dilma?

Dois pesos

Por Maria Rita Kehl, para o O Estado de S.Paulo

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.




Não importa em quem se vota, o importante é saber o porque se vota ou não em determinado candidato. (JP)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

''Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.''

José Saramago

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Eu quero o novo denovo como sempre inédito.

É preciso viver!

Eu quero um barco a remo, uma torta de limão, uma ferrari...um sorriso...não, não...deixe me ver...querooo...droga...não sei! Uma transa...não...sim...quero andar pelo Orsay...espere...ainda não. Decide, decide porra!Um mergulho no mar...um churrasco com os amigos. Não, melhor, uma noite regada à vinho chileno...uma namorada...talvez esposa...hum...uma amante. Não, não, eu quero... uma viagem bem longa. Pra onde? Merda...Paris. Não. Vilhena. Não. Melhor. Uma volta de bicicleta por Campinas. Besteira. Eu quero...como é difícil...quero correr, simplismente correr até não aguentar mais. Isso...não...já sei, prefiro gritar, gritar até perder a voz. Não. Um livro. Qual? O mundo de Sofia. O pequeno príncipe. Ensaio sobre a cegueira. Esquece, desisto. Ir ao banheiro, já volto. Um mundo melhor! Muito díficil. Um ser humano melhor! Impossível. Pensa...pensa...ahh...eu quero minha mãe, seu colo, carinho, olhar repreensivo...não...um poema do Drummond, arroz com feijão da minha vó...é...não! Cachaça Nega Fulô....da boa...não..um banho quente. Não. Decidi. Quero muito conhecimento. Uma filha chamada Maria...não...Antônia. Levá-la à escola, vê-la crescer...não...quero ser piloto de avião, pintor, boêmio é melhor. E agora José? Não sei. Aprender francês. Não. Árabe. Chinês. Nem é hein. Passar uns dias em Mantes la Jolie e ficar sentado em frente à Collégiale. Escrever um livro...é isso que eu quero. Talvez. Uma boa noite de sono...um suco de laranja bem gelado sem açucar. Não. Um porre...mas bem chapado e ficar cantando a noite toda e falando besteira pelos cotovelos, contando histórias da minha infância, rindo muito com a nostalgia, me amargurando pelas coisas que eu não fiz, que não falei, que não senti. Melhor, mas bem melhor, quero fazer um gol aos 47 do segundo tempo numa final de campeonato e socar o ar. Não, não...tantas coisas. Sim...minha infância de volta, o primeiro dia no SESI, bets na Rua Vera Cruz e depois corrida de rolemã...é isso! Será? Não. Já sei...ver a Ponte Preta campeã, invadir o Majestoso e depois um porre pela Avenida Glicério. Não, melhor...sair andando pelo mundo, atravessar os 5 continentes, ver o diferente, surprender os olhos, confundir o paladar e fazer vibrar o coração. Sim! Andar descalço, jogar uma bola no Parque dos Garantãs...chamar meu Pai de cabeçudo e odiar meu irmão mesmo sendo mentira. Não, quero conhecer alguém tão bem que apenas um olhar seja suficiente para desvendá-la naquele segundo. Chorar, rir, me arrepiar, me indignar com a política e com a vida...quero viver.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Olhe, descubra, viva.


Foto para o Concurso ArtMob 2010 da Prefeitura de Campinas. "Cidade e Circulação": Conhecer e valorizar a cidade pela re-significação dos patrimônios históricos, artísticos e culturais, parques, praças e jardins a partir do olhar que o trajeto a pé possibilita no relacionamento entre o ambiente urbano, rural e seus cidadãos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Morrer é necessário

´Morremos milhares de vezes durante nossa vida. Morremos quando terminamos um namoro, ao perder alguém ou quando não conquistamos algo que desejávamos muito´. Se me lembro bem, foram essas as palavras do meu professor de História da Arte. Bem que se diga, uma das poucas coisas que se vale realmente estudar na graduação.
Mas em verdade, tememos tanto a morte que não nos damos conta que cada indíviduo, cada vida em si é uma sucessão contínua de mortes e renascimentos. Esse, felizmente, é o percurso natural que nos guia, pois, do contrário, na primeira porrada que a vida nos desse o chão seria eterno. Todavia, a estupidez humana caminha de mãos dadas com sua capacidade de regeneração e superação. Temos a infinita capacidade de cometer as maiores burrices no menor espaço de tempo possível, embora o relógio da esperança, da reconquista e de se colocar de pé com nobreza seja uma característica tão humana quanto amar.
As palavras do meu professor são verdadeiras. Ao perder alguém, ao falhar em algo muito importante, o tempo parece simplismente parar, a gravidade atuando com toda sua força sobre o corpo, pois ficar deitado ou cabisbaixo é um dos poucos movimentos possíveis, sem apetite, sede, vegetando e enfim  morte da alma.
Naquele mesmo milésimo seguinte ao sepultamento, o coração volta a pulsar, sente-se o sol, o apetite recuperado, os olhos iniciam novamente sua trajetória em busca do novo, do inesperado, de algo que nos surprendam e nos faça querer viver mais. Renascemos. Todavia, renascemos diferentes, fortalecidos, pois só a tristeza, a dor, o amargo da derrota  e da perda nos ensina. Corta mas cicatriza, nos fazendo olhar a nossa volta com mais sabedoria e, sobretudo, paciência. A jornada é assim, se cai e se levanta, se apanha mas se bate também. A felicidade só existe porque a tristeza existe, assim como o orgasmo e a dor, a Ponte Preta e o Guarani, a luz e a escuridão...o mundo é uma oposição constante e infinita. Buscamos a felicidade constante, ao extremo, sem limites, mas se isso fosse possível não haveria graça na vida, não aprenderíamos com os erros, não haveria a gana pelo desafio e superação. Em suma, a vida seria uma merda, como uma novela das 9 que você sabe como começa e termina. Que bom que não é assim.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010