quarta-feira, 7 de julho de 2010

Chá-de-sumiço

Se chá-de-sumiço estivesse a venda, sem dúvida, seria um grande sucesso. Ações impensandas, desejos não controlados, palavras desmedidas, sentimentos estranhos e, sobretudo, dúvidas, muitas dúvidas seriam os ingredientes perfeitos para tal sucesso. Na verdade, cada homem e mulher no planeta levaria consigo um sache na carteira ou na bolsa para qualquer eventualidade ou surpresa durante o dia. Seria vendido em qualquer quitanda ou farmácia e até mesmo oferecido pelos ambulantes nos faróis: '' E aí tia...vai um chá-de-sumiço...ta meio angustiada hoje hein...5 por 10?''. Outdoores, propaganda na TV, anúncios de rádio estariam por toda parte e nem precisariam de qualquer inovação midiática ou sacada publicitária. Uma simples frase seria suficiente: ''Compre e cure suas angústias''. Pronto! Bilhões comprariam. Sedentos pela oportunidade de apagarem os seus erros do passado ou de reviverem as oportunidades e chances desperdiçadas que deixaram de lado pelo vício humano de sentir medo do novo, do desconhecido, do improvável. Tomariam um por dia na ânsia de diminuirem o aperto do peito, o embrulho no estômogo da conquista não obtida, dos sonhos perdidos, do desprezo e olhares não correspondidos que sufocam, imobilizam, machucam, tiram-nos o apetite e o sono, inundam os pensamentos na tentativa de encontrar um caminho alternativo que revertessem a situação ou que a trouxessem pra perto ou simplismente apagassem a nossa memória para um novo dia ou um velho dia de sempre.

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