sábado, 17 de julho de 2010

Shakespeare

Somos engraçados, quando estamos a viver algo bom, feliz, raro quase sempre não nos damos conta. Aquele dia ou usulamente aquela noite, aquele olhar, um sorriso, um filme, um gesto, uma viagem ou uma pessoa interessante, diferente e com a qual o tempo simplismente deixa de existir.
Todavia, horas, dias ou anos depois daquele instante único nos sentimos vazios, impotentes, infelizes por não termos o poder de voltar no tempo e vivê-lo com mais gana, observando com mais serenidade cada detalhe, com mais sutileza cada toque, ouvir todas as palavras e buscar compreender cada significado e intensão.
Neste instante de intensa nostalgia nos martirizamos, nos culpamos, buscando motivos pelo fracasso, por não termos vivido com mais humanidade, com mais sentimento, com mais corpo e, sobretudo, com mais alma. No desespero, nos perguntamos se aquilo realmente existiu e por uma resposta confortadora à infelicidade e amarga saudade fantasiamos que aquele ponto alto de nossas vidas simplismente não existiu, que fora obra da nossa imaginação ou um sonho bom. O real é irreal. Dessa forma, o agora torna-se mais palatável, embora, sem sal.
Shakespeare tinha razão ''Ser ou não ser, eis a questão'', ou seja, hoje estamos por aqui e amanhã poderemos não estar.

Um comentário:

  1. A saudade : Palavra intraduzível.

    Por vezes ponho-me a pensar se não foi o que melhor os Portugueses deram ao mundo.

    Abraço,

    Nuno

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